quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O local de trabalho de Suelena

Por Cleber Corrêa e Nando Oliveria

O lixo reciclável atrai milhares de pessoas a procura de sustento retirado, muitas vezes, em meio a restos de animais e comida estragada. Indivíduos como Suelena Aparecida Campos, 40 anos, divinopolitana que, atualmente, reside na cidade de Carmo do Cajuru.

Há mais de nove anos a catadora e o marido vivem da coleta seletiva em Divinópolis. Há três semanas, Suelena mudou seu local de trabalho. Saiu das ruas do centro da cidade e foi para o lixão, situado entre o Município e Carmo do Cajuru. Segundo ela, a decisão veio após um convite feito pela amiga Maria de Fátima, 35 anos. “A situação financeira estava difícil, passamos necessidade e fome.”

Todos os dias, Suelena faz o mesmo trajeto. Sai de sua casa às cinco horas e percorre aproximadamente 7 km. Abatida e com uma expressão de cansaço, ela reclama que além da distância ainda sofre de dores nos pés. “Antes de eu começar a vir para o lixão, pesava 97 quilos e, hoje, estou pesando 48 quilos, saio de casa e, as vezes, não tenho nada para comer e custo a chegar até aqui”.

O local de trabalho de Suelena existe há dezessete anos e todos os dias recebe aproximadamente, 120 toneladas de lixo. As promessas são de que a catadora vai mudar novamente de lugar, mas continuará com o mesmo objetivo. Isto porque o Governo Municipal contratou, por meio de licitação, a empresa Equilíbrio Ambiental para transferir e transformar o atual aterro. Mas a obra foi então embargada pela Justiça, pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público para avaliações.

Segundo o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Pedro Coelho Amaral, a suspensão ocorreu por medidas de precaução, em cumprimento a denúncias feitas por residentes da Comunidade dos Costas, local onde seria instalado o novo Centro de Tratamento de Resíduos (CTDR). Ainda de acordo com Coelho, as alegações dos moradores são de que a implantação do lixão seria prejudicial às três nascentes e às quatro micro-bacias do Rio São Francisco.

A instalação do CTDR está suspensa até que a Justiça se posicione sobre o caso. De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMMED), enquanto não houver um parecer, o atual aterro sanitário receberá melhorias. Para esclarecer sobre o processo tanto para moradores da Comunidade dos Costas quanto para os catadores como Suelena, no próximo dia 26, às 19 horas, no Plenário da Câmara Municipal de Divinópolis, acontecerá Audiência Pública. A empresa Equilíbrio Ambiental e seu corpo técnico prestarão esclarecimentos sobre o assunto. Todos podem participar.

2 comentários:

  1. adorei a materia de vcs, parabens este é o caminho, um abraço Zeca.

    RJ, 25 de agosto

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  2. parabens, o texto ficou muito interessante mas, verdade seja dita, acompanhei o trabalho de edição e redação feito pela Christiane Brito - editora de texto do jornal laboratório. Li o texto antes e depois, o tema é pertinente e merecia um tratamento adequado, foi o que a editora fez com o conteúdo apurado pelos que assinam a matéria. Parambéns também para Cris, pelo texto redigido.

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