segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Geração playground

Até quando brincar não atrapalha na educação?


Por Cristiane Lopez e Mara Gontijo

Entretenimento, lazer, variedade. Não é à toa que os chamados parques infantis são, atualmente, uma das opções mais escolhidas. Além de diversão para os filhos, vários playgrounds oferecem ainda um ambiente “adulto”, com barezinhos, restaurantes, sorveterias.

Muitos pais, como o empresário Antônio Carlos Sousa, 50 anos, não pensam duas vezes em levar as crianças para esses espaços. Antônio afirma que, mesmo preocupado com o lazer do filho, de 4 anos, não esconde a satisfação de se divertir com os amigos. "O Fernando adora os brinquedos. Até chora na hora de ir embora. E, enquanto eu tomo uma cervejinha, como um tira-gosto, ele brinca com os amiguinhos.” Sousa ainda ressalta que, assim, a família toda se diverte.

A diversão ocorre em família, mas isso não significa união e convivência. Um "programa familiar" nem sempre está relacionado à transmissão de valores e educação, como aponta a Pedagoga Denise Silva. “Esse momento de lazer é mais um alívio de consciência do que diversão, brincadeira, pois os pais não ouvem, não sentem, não conhecem os próprios filhos e, simplesmente, determinam a melhor opção: pagam para as crianças brincarem e pagam também para que alguém faça o papel que escolheram, o de pais. Muitas vezes, a babá se torna muito mais mãe do que aquela que gerou,” afirma.

Cada vez mais pais tentam compensar a ausência na vida dos filhos e, nos finais de semana, levam as crianças para tais atividades. Em alguns casos, como da publicitária Ione Oliveira, 44 anos, os pais optam pelos playgrounds devido à falta de tempo ou até mesmo de lazer em Divinópolis. Para Oliveira, os parques infantis se tornaram a melhor opção quando está no trabalho e não tem ninguém para cuidar da filha, Maria Rita, 6 anos. “Eu me sinto segura a deixando lá. Melhor do que levá-la à pracinha ou até mesmo para a casa dos amiguinhos.”

O parquinho pode ser sim um ambiente capaz de contribuir para o desenvolvimento da criança, desde que os pais não transfiram para monitores e babás a responsabilidade que só eles podem ter. Responsabilidade na educação e na segurança. O playground ou qualquer outro lugar não isenta os pais de preocupações. Segundo a técnica em segurança Teresa Cristina, da cidade de Carmo do Cajuru, os pais, como é o caso de Maria Rita, devem tomar cuidados a serem observados na hora de levar os filhos para brincar em playgrounds. “Deve-se olhar se não tem nenhum material pontiagudo, ver se todos os brinquedos têm tela de proteção, certificar que os profissionais estarão o tempo todo presentes, acompanhando a brincadeira. São cuidados básicos com que os pais tem que se preocupar”, finaliza.

Dados da ONG Criança Segura dão conta que no Brasil mais de 75 mil crianças são internadas todos os anos vítimas de quedas. E os brinquedos dos playgrounds são uma das principais causas destes acidentes.

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